Insights Editage

Nesta seção, o Dr. Eddy explica o básico da publicação em periódicos de língua inglesa, compartilhando o conhecimento que ele construiu em anos de experiência como pesquisador. Leia as dicas do Dr. Eddy para ter sucesso na publicação.


Pesquisadores brasileiros devem se preocupar com publicações de acesso aberto (Open Access)?

Dado o interesse crescente da comunidade científica no acesso aberto e o fato de que vários países estão adotando essa forma de publicar como uma parte integral da comunicação científica (por exemplo, China e EUA), é interessante saber mais sobre como nações em desenvolvimento como o Brasil veem o acesso aberto.

O Brasil é conhecido por investir pesadamente em pesquisa científica, sendo também um apoiador ativo do movimento do acesso aberto. Em seu artigo Why Open Access for Brazil (2008), Alma Swan explora as barreiras que impedem que a pesquisa científica brasileira seja acessível para o mundo, os problemas que os pesquisadores brasileiros enfrentam ao tentar acessar pesquisa de outros países e como o acesso aberto tem o potencial de aumentar drasticamente a visibilidade global do Brasil. A discussão de entendimentos errados ou mitos sobre o acesso aberto é destacada em seu artigo.

Swan argumenta que pesquisadores de todo o mundo devem, idealmente, ter acesso irrestrito ao trabalho uns dos outros, a fim de serem capazes de colaborar com a ampliação do conhecimento existente e evitar a duplicação de esforços. O acesso aberto – que diz respeito ao acesso irrestrito e gratuito aos trabalhos acadêmicos publicados (revisados por par) – proporciona uma maior visibilidade à pesquisa, aumentando o seu impacto, impulsiona o progresso da ciência, facilita a sua melhor gestão e avaliação, e fornece material para ferramentas de coleta de dados para pesquisas. No entanto, as dinâmicas dentro da indústria da publicação fazem com que isso seja difícil, especialmente para o Brasil. Uma grande quantidade de resultados de pesquisas brasileiras fica inacessível por conta de sistemas de disseminação deficientes:
  • As vendas de muitos periódicos brasileiros não têm números relevantes fora da América Latina
  • Ferramentas de indexação não incluem os maiores periódicos brasileiros em seus bancos de dado, isso implica no fato de que vários periódicos do Brasil não têm um fator de impacto. Como resultado, apenas os pesquisadores que publicaram em publicações de língua inglesa bem-reputadas gozam de visibilidade internacional.
  • Devido ao sistema de acesso pago ou por assinatura a artigos, os pesquisadores brasileiros nem sempre têm acesso aos periódicos de que necessitam para auxiliar em sua pesquisa.


Como resultado, o governo recebe retornos baixos em seus investimentos em ciência, tecnologia e inovação (estimados em 27 bilhões de dólares). De acordo com Swan, as mesas podem ser viradas simplesmente pela exploração do potencial oferecido pela Internet – pelo acesso aberto. Iniciativas como SciELO, Redalyc, e Bioline International vêm exercendo um papel crucial no aumento da visibilidade do Brasil. Apesar disso, pesquisadores brasileiros continuam a interpretar erroneamente o conceito de acesso aberto e a serem hesitantes em sair do modo tradicional da publicação impressa. Então, quais são os mitos mais comuns sobre acesso aberto?

Mito 1: Acesso aberto significa baixa qualidade
Um periódico de acesso aberto distribui seus artigos gratuitamente, mas isso não implica que a pesquisa seja de baixa qualidade. Periódicos de acesso aberto, como o PLOS ONE, publicam pesquisa revisada por pares e seguem o mesmo processo de revisão de revistas tradicionais.

Mito 2: Pode haver complicações devido a restrições de copyright
Autores frequentemente hesitam quanto à opção de deixar seus trabalhos disponíveis porque se preocupam sobre restrições de direitos autorais impostas por suas editoras. Ao contrário de editoras tradicionais que têm regras rígidas de copyright e tornam obrigatório ao autor ceder o direito de seus artigos, os periódicos de acesso aberto não estabelecem nenhuma restrição de copyright. Isso significa que apenas os autores possuem direitos sobre seus artigos. Eles estão livres para fazer e distribuir cópias ilimitadas de seu trabalho, usá-las para propósitos didáticos e assim por diante. Além disso, é sempre possível que o autor confira o posicionamento do periódico sobre direitos autorais durante o processo de submissão.

Mito 3: O autoarquivamento não é permitido
O autoarquivamento é a prática de manter versões digitais da literatura científica online, de forma a disponibilizá-la gratuitamente para qualquer um pela internet. A preocupação dos autores com o autoarquivamento é relativa a se eles têm o direito ou permissão de auto-arquivar seu próprio trabalho ou se a editora possui esse direito. Para resolver esta dúvida, todo autor deve verificar as políticas de permissão dos periódicos. Isso pode ser feito em repositório de políticas de permissão de editoras como SHERPA ou EPrints. Autores podem também consultar se as editoras permitem autoarquivamento da versão final, revisada por pares, ou da versão original (antes de ser revisada).

Mito 4 – Autoarquivamento é um processo complexo
Ao contrário da crença de alguns autores, o autoarquivamento é um processo simples que leva apenas alguns minutos. É exigido dos autores simplesmente a identificação da metadata do artigo (nome de autores, afiliações, título do artigo, etc.) no repositório de acesso aberto. Depois de indicar o tipo de artigo e se ele foi revisado por par, tudo que os autores precisam fazer é carregar seus artigos no repositório.

Além de esclarecer esses mitos sobre o acesso aberto, Swan reitera que agências de financiamento, grupos e instituições de pesquisa têm um papel primordial em aumentar a consciência dos autores Brasileiros sobre o acesso aberto. O Brasil tem uma alta produção anual de pesquisa e o acesso aberto é uma forma pela qual o trabalho de autores brasileiros pode se tornar visível a outros pesquisadores em diferentes cantos do mundo.
Autora: Jayashree Rajagopalan